0,3%, este é o valor que vai marcar os próximos dias, e como dado macro-económico que se preze irá certamente suscitar duplas leituras. De um lado aparecerá algum arauto a dar pulos de alegria a afirmar que a crise passou etc. e tal, ou seja tudo a que temos sido habituados…
Infortunadamente eu não estou desse lado, vejamos é certo que 0,3% representa uma melhoria no crescimento, é certo que é um valor que nos tira da recessão técnica, mas também é certo que este valor traduz um crescimento sustentado?
Lamento muito dize-lo mas penso que não…
Estes 0,3% podem ser explicados por duas componentes: como todos sabemos os meses de verão tradicionalmente significam um aumento da procura interna, isto é um aumento do consumo das famílias a que não é estranho o período de veraneio a que assistimos. Por outro lado surge a componente das exportações, e aqui reside a verdadeira questão: será que assistimos a um crescimento sustentado das exportações? Será que a nossa indústria aproveitou a crise para se renovar e reinventar? Ou este aumento do produto exportado ter-se-á ficado a dever à boa aposta no renovável?
Infelizmente não me parece o caso.
Outro dos assuntos que marca o dia é certamente o relatório publicado pela OCDE, e os dados nada animadores que apresenta sobre o real estado da educação do nosso pais. O que deveria passar por uma grande aposta nacional e até já foi uma paixão governamental está a seguir um rumo contra natura, a par com a falta de investimento no ensino superior, onde a diferença se situa na casa dos 2000 euros anuais por aluno face à media da OCDE. Continuamos a apostar em cursos cuja única saída é o desemprego, cursos totalmente desfasados da realidade do mundo em que vivemos e cursos que não preparam ninguém para o real mundo globalizado que se vive fora dos campos universitários.
Ronin